quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Virginia Woolf in Rumo ao Farol, Relógio D’Água, 2008.

“Estava tão linda a manhã, com apenas um golpe de vento aqui e além, que mar e céu pareciam de um só tecido, como se as velas se colassem ao céu ou as nuvens tivessem caído no mar. Um vapor, lá longe, desenhara no ar um grande rolo de fumo, que ali ficara curvando-se e circulando de forma decorativa, como se o ar fosse uma gaze fina sustentando as coisas e docemente as mantendo na sua malha, apenas serenamente as fazendo oscilar de um lado para o outro lado. E, como às vezes acontece quando o tempo está muito bom, as falésias pareciam ter consciência dos navios, e os navios consciência das falésias, como se uns e outros assinalassem uma qualquer mensagem secreta que lhe fosse privativa. Porque, embora por vezes parecesse muito próximo da praia, o Farol dir-se-ia, nesta manhã, na neblina, a uma enorme distância.”


Sem comentários:

Enviar um comentário