segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Maria Teresa Horta in Eclipse, Meninas, D. Quixote, 2014.

“Pelas palmas de ambas as mãos juntas e abertas em leque perpassou um levíssimo tremor de apreensão, de quem pretende transportar, preservando, o pouco que resta de si, delicado e frágil. E há medida que ia fluindo, Laura curvava-se mais e mais um tanto, na protecção do que levava unido ao peito, na concavidade tépida criada pelo gesto imóvel que os dedos sustinham, sem brechas, sem esquinas nem aspereza de nenhuma espécie: um pequeno coração rubro, a pulsar sobressaltado. Idêntico a uma rosa de sangue.
Tremeluzindo na cerração do eclipse.”


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