terça-feira, 31 de março de 2015

Maria Teresa Horta in JL nº 1149, 15 a 28 de outubro de 2014, pág. 9.



“Não se sabe de onde vem

Cursos de escrita criativa? Não têm sentido nenhum. A criatividade não se ensina. É preciso ler. Ler muito. Ler sempre. Foi assim que aprendi: com os livros. Homero, Camões, Petrarca, Rilke, Proust, Duras, Yourcenar, Wirginia Woolf, Clarice Lispector, Carlos de oliveira, Marquesa de Alorna, Sophia… Alguém os ensinou a escrever? Claro que não. A escrita é uma força da natureza, que não se sabe de onde vem. É imponderável. Ou se tem a “chama” e a coragem de querer “arder”, ou nada feito. Além disso, as oficinas que pretendem ensinar criatividade, na verdade estão a “normalizá-la , dizendo como se deve fazer; a pôr-lhe freio. Quando, na Literatura, tudo é possível! Se tivesse um curso desses, chegava e dizia aos meus alunos apenas: vamos ler. Compreendo que algumas pessoas se inscrevam por quererem, acima de tudo, ouvir de tudo, ouvir o escritor de que gostam, aprender com a sua experiência. Mas recordo o meu contacto com Duras, de quem me tornei amiga: ouvi-la era extremamente interessante, no entanto, era nos livros que se revelava verdadeiramente genial. São coisas diferentes. Por isso, a melhor forma de aprender com um escritor é lê-lo.

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