terça-feira, 31 de março de 2015

Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa, in “Novas Cartas Portuguesas”, D. Quixote, 27/03/71, pág. 46.



Este poema é para minha mãe,

Cantiga de Mariana Alcoforado a Sua Mãe

Senhora Mãe eu me sei
em vosso ventre
gerada
*
gosto de gozo ou silêncio
vossas entranhas gastei
nelas entrando enganada
*
Ó sina de mágoa imensa
Ò meu labor recordado
*
Ó sua agonia intensa
Ó vosso parto adiado
*
medo tristeza e sustento
teu ombro de minha infância
*
Ausência que foi doendo
como uma pedra engastada
de anel em vosso dedo
*
Que filha posta em convento
não se quer em sua casa
*
Senhora Mãe que te achaste
sem o saber
emprenhada
*
o ventre vendo crescer
sem te sentires



Sem comentários:

Enviar um comentário