sábado, 30 de abril de 2016

Eugénio Lisboa in Pro Memória, Sá-Carneiro visto por Régio, O oiro e a neve, JL nº 1189 de 2016-04-27.

“É próprio de todos os grandes escritores admirarem alguns dos seus pares e amarem outros: admirar não é o mesmo que amar. Pessoa admirava Milton e amava Dickens. Flaubert admirava Zola, mas amava Hugo. Régio admirava Eça e Pessoa, mas amava Camilo e Sá-Carneiro. Há aqueles com quem sentimos afinidades e aqueles em quem admiramos qualidades que não temos nem nos interessa particularmente ter.
Régio admirou, estudou e ajudou a promover os argonautas do chamado “primeiro modernismo” (Sá-Carneiro, Pessoa e Almada), mas não se reviu em todos, por igual. Consultando os textos – atividade exótica mas indispensável – torna-se óbvio que preferiu Sá-Carneiro a Pessoa – no primeiro, reconhecia verdadeiro génio, no segundo, via apenas elevadíssimo talento.”
 

Sem comentários:

Enviar um comentário