sábado, 31 de agosto de 2019

Livro: As Ondas, Virginia Woolf, Relógio D’Água, 2015.


Conclui ontem à noite a leitura do meu segundo romance de Virginia Woolf (1882-1941), As Ondas.

É verdade que este poeta não é fácil de ler. Às vezes a página está suja de lama, rasgada e colada com ajuda de folhas secas e fragmentos de verbena e gerânio. Para ler este poeta é preciso possuir miríades de olhos, como os faróis que à noite giram na agitada extensão dos mares, quando apenas um rasto de algas flutua à superfície e subitamente as ondas se abrem para deixar emergir o monstro.”

De facto, não foi uma leitura fácil, se acompanhar as palavras de Marguerite Yourcenar, a sua tradutora francesa:

As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor, seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra a Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegri nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade.”

Consigo então perceber porque só bem adiantada na leitura é que comecei a compreender o enredo, a harmonia da escrita e das personagens.

Foi uma leitura desafiante, mas imensamente compensadora, cheguei a partilhar convosco alguns excertos que me tocaram especialmente, não foram os únicos, mas vou deixar que descubram por vós a magia de As Ondas, de Virginia Woolf…


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