quarta-feira, 1 de abril de 2015

Aniversário da Alfândega do Funchal: 538 anos.

2015-03-13

Bom dia.



Hoje amanheceu um dia cheio de sol

como é hábito por estas paragens.

Da minha janela

eu  vejo o mar,

um mar azul

cheio de oraculares promessas.

AP



No próximo domingo, dia 15,  completa-se mais um ano de existência desta vetusta instituição, são 538 anos de intenso labor, suor, lágrimas, dedicação, aperfeiçoamento, mas também de júbilo e satisfação.

Este ano partilho convosco um excerto de um romance de uma escritora que adoro e um poema de um autor madeirense que muito aprecio, celebrando desta forma mais um aniversário da Alfândega do Funchal, espero que apreciem…



“João Gomes, conhecido por «Trovador», que casou no Funchal com a filha dum companheiro de Gonçalves Zarco, foi homem de cuidados e suspiros. Além de vereador da Câmara em 1472, entrou na abundante polémica do Cancioneiro Geral acerca de quem melhor ama: se o que cuida ou o que suspira. Isto não impressionava se não fosse a elegância das trovas, dignas de um pajem do Livro do Infante D. Henrique, que, pelo que se diz, ele foi.  João Gomes da Ilha teve a sorte de produzir bons versos, decerto antes que o cargo de juiz ordinário lhe embotasse a veia poética. «Da lembrança do passado/com desejo do futuro/em o tear do cuidado/se tece mui restorçado/ terço pelo verde escuro.»



In “A Corte do Norte”, Agustina Bessa – Luís, Guimarães Editores, 2008



Marlon Brando

Todas as ilhas contêm, no esplendor da sua água e da

sua pedra, na sua luz submersa,

ferida pelo mar,

o que resta daquilo que fomos e fizemos, tantas vezes

sem saber porquê.

Eu também fui o homem,

antes de os tigres do mundo me arrancarem o coração.

Abandonei um palco que era a própria vida,

com as suas estátuas de ouro falso e cristal.

Voltei as costas, fugi para o sul, esqueci.

Contemplei,

no fatídico poente das tempestades,

um vulto inclinado que parecia cantar para mim,

mas não parti de Tetiaroa,

essa ilha onde ouvi na minha voz outra voz que mal

se ouvia,

onde me fechei na cor das gardénias que rodeavam

o quarto,

o pensamento em chamas, os apocalipses da minha

insónia.

Eu também fui o homem, mas não regressei.



In “Assim na Terra como no Céu”, José Agostinho Baptista, Edição de autor, 2014

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