terça-feira, 22 de maio de 2018
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Livro: Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho, Leya, 2017.
A
leitura desta obra de ficção provocou em mim, emoções contraditórias. Por um
lado, a temática despertou em mim a curiosidade, desde a adolescência que leio
sobre o Holocausto, é um tema que me provoca angústia, um sentimento que me
acompanha há décadas.
Por
outro, ansiava por terminar a sua leitura, queria ir-me embora, não sei se por
causa do que lia, afinal há muito tempo que não lia relatos tão pormenorizados
sobre o horror vivenciado pelos personagens, numa cidadezinha do nordeste da
Polónia, em julho de 1941, se por causa da forma de escrever do autor.
Alguma
coisa não funcionou, para mim, neste romance premiado e alvo de polémica com as
autoridades polacas. A verdade histórica deve ser revelada, os fantasmas
enfrentados e seguir em frente, virar a cara para o lado, negar e fugir do
assunto e da responsabilidade partilhada é que não.
Resta-me
recomendar a leitura de Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho, a
fim de retirarem as vossas conclusões…
quarta-feira, 16 de maio de 2018
Livro: Vida após Vida, Kate Atkinson, Relógio D'Água, 2014.
Terminei
há pouco a leitura de um romance bastante curioso e assaz engenhoso na sua
construção, conhecem com certeza a expressão “pescadinha de rabo na boca”,
pois bem, este romance ensaia múltiplas hipóteses de contar uma história, dos
possíveis caminhos que a vida da personagem principal poderia ter tomado, ela,
a família, os amigos e os conhecidos.
O
espaço temporal em que decorre o enredo inicia-se antes da I Guerra Mundial,
atravessa-a, chega à II Guerra Mundial, com a personagem principal já adulta,
centra-se especialmente durante esse período negro e vem terminar nos anos
sessenta, mas, há sempre um mas, o enredo avança, recua, amiúde vezes, tomando
e supondo caminhos alternativos. No final, regressamos ao início, o nascimento
atribulado e periclitante de Ursula, a personagem principal.
Uma
fórmula bastante curiosa e para mim, completamente nova e estimulante. Um
romance com uma escrita muito consistente. Gostei muito.
Termino
esta brevíssima reflexão deixando o convite para virem descobrir, Vida após
Vida, de Kate Atkinson…
sexta-feira, 11 de maio de 2018
terça-feira, 8 de maio de 2018
domingo, 6 de maio de 2018
Livro: Mataram a Cotovia, Harper Lee, Relógio D’Água, 2013.
Depois
deste período de férias que chega ao fim, vou sentir a falta dos fins de manhã,
de tarde e dos serões passados a ler, ora na biblioteca/escritório, ora na sala
e no quarto, mas sobretudo do tempo passado na varanda a ler ao som do
dia-a-dia, dos pássaros e das crianças brincando no jardim.
Ontem
à noite, depois de ter assistido a mais um concerto da Orquestra Clássica da
Madeira, conduzida por um maestro convidado e solista virtuosíssimo - violino
-, no Teatro Baltazar Dias, uma sala não muito grande, acolhedora, belíssima e
com uma acústica fenomenal, e de jantar fora, um programa que adoro fazer,
sentei-me confortavelmente no meu canto de leitura na sala e deixe-me envolver
pelo formidável romance que iniciara no dia do Trabalhador: Mataram a
Cotovia, de Harper Lee,
Um
romance concluído em 1959, publicado em 1960 e premiado no ano seguinte com o
Pulitzer de Ficção. Harper Lee publicou muito pouco e foi sempre avessa a
entrevistas.
«O
estilo de Harper Lee revela-nos uma prosa energética e vigorosa capaz de
traduzir com minúcia o modo de vida e o falar sulista, bem como uma imensa
panóplia de verdades úteis sobre a infância no Sul dos USA.» Times
Mais
ainda, uma escrita fluída, onde o tema da descriminação racial paira do
princípio ao fim do romance, escrever e defender a igualdade racial nos idos
anos cinquenta deixa-nos a convicção de que a América tem salvação.
«À
medida que fores crescendo, e durante todos os dias da tua vida, vais ver
sempre homens brancos a enganar homens negros, mas deixa que te diga uma coisa
que nunca mais vais esquecer… sempre que um homem branco fizer algo a um homem
negro, independentemente da sua natureza, posição, riqueza ou linhagem
familiar, esse homem branco nada mais é senão lixo.»
Termino
recomendando vivamente a leitura deste fabuloso romance: Mataram a Cotovia,
de Harper Lee…
terça-feira, 1 de maio de 2018
Livro: Memorial do Convento, José Saramago, Caminho, 1986.
Num dia simbólico como o de
hoje, terminei a leitura de um romance emblemático: Memorial do Convento,
de José Saramago.
Muito tempo decorreu desde a
última tentativa de o ler, fui adiando, amadureci, aguardei pela sua chamada.
Como tenho muitos livros a aguardar serem lidos, há muito que senti a
necessidade de elaborar planos de leitura, segundo critérios por mim
inventados, às vezes desvio-me, mas rapidamente regresso ao caminho previamente
traçado.
O meu marido leu, devorou, quase
todos os livros de José Saramago, mesmo antes de lhe ser atribuído o prémio
Nobel. Eu apenas lera o Todos os Nomes e confesso que não o apreciei por
aí além, falta de entendimento, concluo hoje.
Os meus filhos leram a obra em
contexto escolar e também eles gostaram muitíssimo do romance, só faltava mesmo
eu para o conhecer.
Assim que comecei a ler o
Memorial do Convento, um estranhamento começou a invadir-me, estava a ler um
romance histórico ou não? Não, certamente que não. Um romance que incorpora
expressões e ditos populares que todos conhecemos, que vem ao presente em busca
de entendimento e consequência de factos e comportamentos no passado.
Um romance mordaz, satírico,
cáustico, onde só o amor entre as duas personagens principais é despido de
qualquer sarcasmo e crítica social, um sentimento enaltecido acima das vidas
comuns.
Uma forma de escrever singular,
uma voz única.
Recomendo vivamente a quem ainda
não leu o Memorial do Convento, que se dispa de estereótipos e
preconceitos e desfrute.
Quanto a mim, anseio por
regressar ao convívio de José Saramago…
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