sábado, 30 de junho de 2018

Livro: A Biblioteca à Noite, Alberto Manguel, Tinta-da-China, 2016.

A leitura de um livro como A Biblioteca à Noite, de Alberto Manguel, encheu-me de sentimentos vários, alegria, espanto, desalento, mas também esperança e certeza de que o que sinto pelos livros e pela leitura não é coisa de extraterrestre.

Conhecer um bibliófilo como Alberto Manguel, com uma vida desenvolvida à volta dos livros, lendo, escrevendo, pesquisando, comparando, procurando, adquirindo, acumulando, cuidando, foi como que uma epifania para mim, esta sim, seria a vida que gostaria de ter vivido e de viver. 
 
O tamanho das nossas casas não permite que acumulemos muitos livros, mas para quem gosta de ler, encontrar um canto onde acomodar os livros que vai adquirindo ao longo da vida torna-se um imperativo.
 
Não me refiro evidentemente a estudiosos e académicos que organizam a sua vida profissional e familiar à volta de livros e documentos, mas, aqueles que como eu lêem por puro prazer e em busca de novos saberes.

Este ensaio dá-nos a conhecer, entre muitas coisas, a origem das coleções que se transformaram em bibliotecas, dos seus objetivos enquanto sinal de prestígio dos seus donos, mas também um meio de congregar o conhecimento passado, com o intuito de conhecer, estudar e alavancar a produção de novos saberes, a génese das bibliotecas públicas com o objetivo de tornar acessível a todos aqueles que sentindo curiosidade, não possuíam capacidade económica para serem donos da sua própria coleção.

O autor questiona a sobrevivência da biblioteca versus internet, mas manifesta-se otimista:

É interessante notar que, para os humanos, existia uma correlação entre a suspeita de um espaço ilimitado que não pertence a ninguém e o conhecimento de um passado rico que nos pertence a todos.
Isto é, evidentemente, o exacto reversos da definição da World Wide Web. A Web define-se como um espaço que pertence a todos e exclui a noção de passado.

Concluindo:

Os livros são os nossos maiores bens na vida, são a nossa imortalidade. Arrependo-me profundamente de nunca ter possuído uma biblioteca só minha.
Varlam Chalamov, My Libraries.

Tal como Alberto Manguel, o que procuro com a minha [pequena] biblioteca é consolação.

Regressarei a Alberto Manguel.



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