sexta-feira, 23 de março de 2018

Livro: Húmus, Raul Brandão, Relógio D'Água, 2015.

Ontem à noite terminei a leitura de Húmus, de Raul Brandão.
Bastaria referir que se trata de uma edição de Maria João Reynaud, integrada na Coleção «Obras Clássicas da Literatura Portuguesa Séc. XX” e que 

“Ler Raul Brandão hoje implica não só o confronto com problemas teóricos que a sua obra levanta, mas também a necessidade de os avaliar em função do efeito disruptivo que ela produziu.
Sem deixar de espelhar criticamente o seu tempo, a escrita de Brandão surge hoje aos nossos olhos como uma extensa, profunda e dilacerada meditação sobre o homem em face da finitude.»

Todavia gostava de expressar por palavras minhas o que senti enquanto lia a obra: um sobressalto constante, uma desinquietação permanente, o sentir-me escavada, deixando-me à mingua de esperança, só espanto, só pele e osso.
Através do preâmbulo de Maria João Reynaud pude ficar a saber que Húmus, marcou importantes escritores ao longo de décadas: José Régio, Vergílio Ferreira, David Mourão-Ferreira, José Saramago e Herberto Hélder.

«A nossa época é horrível porque já não cremos – e não cremos ainda. O passado desapareceu, de futuro nem alicerces existem. E aqui estamos nós tem tecto, entre ruínas, à espera...»
Raul Brandão, Prefácio a Memórias, vol. 1 1919.

Esta obra carece de uma releitura da minha parte, mesmo auto-intitulando-me uma mera fruidora de literatura, há obras que nos abanam interiormente, nos questionam e tudo põem em causa.
É por isso que recomendo vivamente a leitura de Húmus, de Raul Brandão, deixem-se espantar…



2 comentários:

  1. Sobressaltos e desinquietações que só as grandes obras nos proporcionam quando compostas por seres de exceção e absorvidas por leitores sedentos de avistar o infinito...

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  2. Obrigada pelo seu comentário, Artur. De facto cada obra lida mais espantada, sedenta e desinquieta me sinto. Mérito dos autores, certamente.

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