sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Livro: na berma de nenhuma estrada e outros contos, Mia Couto, Caminho, 1987.

Era uma vez o menino pequenito, tão minimozito que todos os seus dedos eram mindinhos. Dito assim, fino modo, ele, quando nasceu, nem foi dado a luz mas a uma simples fresta de claridade.

É desta forma absolutamente espantosa que se inicia “na berma de nenhuma estrada”, título de um dos contos. Mia Couto foi escrevendo estes pequenos contos para diversas publicações, um dia resolveu reuni-los num só livro.
Gosto de regressar a Mia Couto, aprecio a forma cândida, límpida e simples de retratar as gentes e vivências da sua terra, sempre que início a leitura de um livro do autor, não me apetece nunca parar:

A intensidade das personagens, a multiplicidade de registos, a coexistência do fantástico e do sobrenatural com a tradição, a cultura e a vivência do dia a dia, a capacidade de efabulação e a oralidade que transforma a palavra escrita em puro som, são portos a que acostamos e que nunca desvendamos por completo.”  

Direi certamente uma barbaridade, mas, é por causa da escrita de Mia Couto, que não obstaculizo o AO90, e não consigo compreender, ou não quero compreender, o burburinho à volta do acordo ortográfico de 1990, não me incomoda, não me limita, desafia-me isso sim.

Enfim, polémicas áridas à parte, recomendo vivamente a descoberta da escrita de Mia Couto…



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