sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Livro: La Coca, J. Rentes de Carvalho, Quetzal, 2011

Um romance cujo título é La Coca e que começa assim: “O funcionário da alfândega não sabia disfarçar.” teria mesmo que despertar a minha atenção e curiosidade. 
 
Sou funcionária aduaneira, gosto da escrita de Rentes de Carvalho, não foi preciso inventar mais nada para trazer o romance para casa.
 
Tal como a maioria dos portugueses descobri José Rentes de Carvalho há poucos anos; apesar da sua provecta idade, Rentes de Carvalho nunca foi um escritor muito estimado, as razões para tal ter acontecido não importa agora esmiuçar.
 
Prefiro escrever sobre o romance que terminei de ler. Como poderia deixar entender pelo título, o romance debruça-se sobre droga, mas não só e nem da forma a que estamos habituados. Rentes de Carvalho autobiográficamente escreve sobre as formas enviesadas e de sobrevivência que os seus conterrâneos sempre tiveram para conseguir sobreviver no interior pobre e sempre esquecido do nosso país. 
 
Antes, durante e após as duas Grandes Guerras, o meio de subsistência de muitos habitantes rurais, sobretudo aqueles que viviam nos dois lados da fronteira, foi o contrabando de quase tudo: cigarros, uísque, barras de ouro, gado, café, azeite, bacalhau, enfim, tudo o que desse dinheiro.
 
Rentes de Carvalho, filho de um inspetor da alfândega, viveu e cresceu no ambiente e teve como amigos de infância e adolescência, muitos filhos e futuros contrabandistas. Mais tarde, bastante mais tarde, resolve escrever sobre essas memórias e regressa à sua terra a fim de saber do destino desses amigos e conhecidos.
 
Descobre que o mundo do contrabando mudou muito, agora é a droga, a mercadoria rainha e aquela que maiores lucros traz, mas, vem acompanhada com mais violência, sangue, morte, vingança.

Como atrás referi, gosto da escrita, seca, direta, objetiva, forte, de José R. de Carvalho, como ainda possuo três títulos do autor para ler, seguramente irei regressar ao seu convívio, para já, limito-me a recomendar a sua leitura…



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