sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Livro: Poética, Aristóteles, tradução e notas de Ana Maria Valente, 5ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2015

Em dia aziago tento escrevinhar algumas palavras sobre a minha insólita leitura, não sei o que me deu, comecei por ler, duas vezes, o prefácio deste texto clássico de autoria da helenista Maria Helena da Rocha Pereira, depois tentei desbravar o texto que de acordo com a insigne académica, “toda a teoria literária ascende”.
É de facto um texto extraordinário, data de cerca de IV a. C, “…em data difícil de precisar, é sobretudo ao período áureo da Tragédia Ática, ou seja, ao século anterior, que ele se reporta, e aos Poemas Homéricos, quanto à Epopeia. O que significa que o leitor tem diante de si a primeira grande teorização sobre algumas das mais altas realizações da Poesia.”
O texto pode dividir-se em três partes principais: “uma de introdução em que a mimesis [imitação] surge logo como o conceito fundamental em que assenta a actividade poética (…); outra sobre a tragédia (…); e outro ainda sobre a epopeia (…).”
Neste “pequeno” texto, Aristóteles refere para exemplificar e analisar, as epopeias e as tragédias escritas por Homero, Platão, Sófocles, Eurípedes, Ésquilo, dos quais nos chegaram obras intemporais e ainda outros autores, dos quais apenas chegaram aos nossos dias fragmentos ou mesmo nada.
Depois de terminar a leitura do texto e da perfusão de notas que a tradutora Ana Maria Valente, incluiu em rodapé, de modo a ajudar a situar os leitores como eu, voltei a reler uma terceira vez o prefácio de Maria Helena da Rocha Pereira.
Hoje à tarde, enquanto aguardava a hora de início de mais uma das Conferências do Teatro - Madeira de A a Z 2017 -, tive a oportunidade de ler o Editorial de Carlos Vaz Marques, incerto na publicação Granta 10 – Revoluções, a páginas tantas li: “A última frase do livro mais célebre do filósofo francês [Cândido, Voltaire] sugere que cada um de nós tem o dever de cultivar o seu próprio jardim, o que já seria só por si revolucionário; (…)”, palavras escritas a propósito do conto de Isabela Figueiredo, que faz parte deste novo número.
Já lera Cândido ou O Otimismo, de Voltaire, mas, fui a correr consultá-lo e reli os últimos parágrafos, aquelas palavras tocaram-me profundamente e com a leitura de Poética, de Aristóteles, sinto que plantei mais uma espécie nova no meu jardim.

Foi uma experiência de leitura muito interessante, um mundo a descobrir…





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