quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Livro: O Vermelho e o Negro, Stendhal, Relógio D’Água, 2010.

Há uns meses atrás senti a necessidade de organizar as minhas leituras, especialmente depois de assinar algumas revistas literárias (a Granta e a Ler), o Jornal de Letras, Artes e Ideias, bem como a revista Visão.Afinal, tudo nesta vida resume-se a satisfazer necessidades e a fazer escolhas, umas mais prementes do que outras, evidentemente.
Quando se começa a adquirir mais livros do que aqueles que se conseguem ler, temos mesmo que nos organizar, e repare-se que leio por prazer e por necessidade intelectual.
Sempre gostei de ler, lá em casa líamos o que os nossos pais conseguiamadquirir, socorríamo-nos das bibliotecas públicas, incluindo a itinerante da Gulbenkian ou em alternativa a biblioteca dos irmãos mais velhos dos nossos amigos.
Aqui chegados e depois de terminada a leitura de um conjunto de livros escritos por mulheres ao longo do último ano e da leitura de dois títulos do género policial e de um romance durante os meses de Julho a Setembro, resolvi enveredar por um novo caminho: ler os clássicos, cuja leitura tanta falta me tem feito.
Ora bem, comecei por Stendhal e pelo seu romance O Vermelho e o Negro. Cresci a ouvir meu pai a falar deste romance, sempre me pareceu que o marcou, por esse facto, quando o vi editado tratei de o adquirir, foi há dois anos que o trouxe para casa.
Achei este romance extraordinário por várias razões: a época que aborda (os anos após a queda de Napoleão Bonaparte - um período denominado de Restauração Francesa -), um tempo em a sociedade francesa continuava à procura do seu caminho, em que as diferentes classes sociais procuravam o seu lugar, se por um lado a aristocracia e o clero procuravam recuperar os seus privilégios e o seu lugar na sociedade, a burguesia provinciana, tudo fazia para adquirir estatuto. No fim da estratificação social, continuavam os mais pobres, o povo. Standhal escalpeliza toda esta dinâmica de uma forma magistral, dando-nos a conhecer com realismo, como funcionavam as relações entre os diferentes estratos sociais. Os personagens também são divinalmente esmiuçados e retratados, fazendo-nos reflectir e reconhecer certos tipos de pensamento e comportamento nos tempos atuais.
Apreciei a breve referência à “nossa” Soror Mariana Alcoforado com um parágrafo extraído de Cartas de Uma Freira Portuguesa:

Amor! Em que loucuras não nos fazes sentir prazer?”

E extasiei quando na véspera do nosso feriado do Dia de Implantação da República, me deparei com o seguinte excerto de autoria de Napoleão Bonaparte:

A República! … Para um que hoje fosse capaz de tudo sacrificar pelo bem público, há milhares e milhões a quem só interessam os prazeres e a vaidade. Em Paris, apreciam-se os homens pela carruagem em que andam e não pelas virtudes.”


É por este e por outros motivos que nos devemos debruçar sobre os clássicos. Pela minha parte desejo voltar a Stendhal, gostava de ler, por exemplo A Cartuxa de Parma, mas podem ser outras as obras deste fantástico escritor…



Sem comentários:

Enviar um comentário