sábado, 12 de março de 2016

Onésimo Teotónio Almeida in Saudade – um mistério sem mistério, Times & Tempos, JL nº 1185 de 2016-03-02.

“ A palavra (saudade) é hoje tão sinónimo de Portugal como o galo de Barcelos. Mas pode continuar a ser servida a turistas ávidos de diferença na mesmidade cada vez maior do mundo moderno. O que não deverá nunca impedir-nos de examinar o termo à lupa e de procurarmos compreendê-lo.”

“Quer dizer: são as culturas que criam os termos, os mantêm e desenvolvem, vá lá alguém saber exatamente porquê. Todavia, não é a língua portuguesa que é mais saudosa que as outras, mas os portuguesas que, por qualquer razão, insistem mais nesse sentimento. E porque concentraram as diversas facetas dele num só vocábulo, ele ganhou mais força por repetido uso, adquirindo pelo menos desde o rei D. Duarte um estatuto especial. Entretanto, ao uso sobreveio o abuso, a ponto de Fernando Pessoa chegar a falar de “a saudade do que nunca houve”.


Sem comentários:

Enviar um comentário