terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Livro: A Cidade e as Serras, Eça de Queirós, Porto Editora, 2011.


São vários os livros de autoria de Eça de Queirós que aguardam a minha atenção, este título, A Cidade e as Serras, foi leitura obrigatória no Secundário dos meus filhos e julgo que ainda continua a ser para os jovens de hoje.

Concluí a sua leitura durante a pausa para o almoço, enquanto aguardava que o Luis se juntasse a mim para o efeito.

Publicado postumamente em 1901, a leitura de A Cidade e as Serras foi realmente muito interessante, na medida em que o autor ao mesmo tempo que retrata as vivências de um jovem adulto de origem portuguesa, abastado por herança, numa grande cidade como Paris, reflete sobre a insatisfação que uma vida ociosa e sem outro objetivo que não seja o desfrutar do luxo, das inovações e engenhocas que todos os dias surgem e das relações entre iguais, necessariamente provoca.

Um dia, o jovem resolve viajar até à terra dos seus progenitores, situada nas serras lusas do interior norte, bem perto do rio Douro, faz-se acompanhar pelo seu amigo, também abastado, não tanto quanto ele, um amigo nascido e criado em terras vizinhas, que viaja frequentemente. Assim, os dois empreendem uma longa e sobressaltada viagem desde Paris, atravessando Espanha, até Portugal.

Em Portugal, o autor retrata de forma magistral e pictórica a paisagem que o jovem vê desfilar perante os seus olhos, depois, toma contacto com a vida rural, simples, dura e despida de conforto, muito diferente daquela a que fora habituado na cidade grande, contudo soube apreciar e adaptar-se, depois de provido de alguns, comparativamente poucos, confortos e engenhos.

Mais importante ainda, a dada altura ao deparar-se com a realidade miserável em que viviam os caseiros e suas famílias, funcionários que trabalhavam na sua propriedade, decide melhorar as suas condições de vida, aumentando os salários, construindo casas, uma escola e providenciando cuidados médicos gratuitos.

Vive feliz junto da família que constituiu e dos amigos vizinhos, a cidade grande, brilhante e luxuosa ficou para trás.

Eça de Queirós traçou nesta obra um retrato algo naïf, pois nem tanto ao mar nem tanto à terra, em minha opinião é no meio que está a virtude.

Concluo, recomendando que quem ainda não leu A Cidade e as Serras, que se apresse, vale mesmo a pena…


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